O livro que marcou a história do movimento ambientalista me inspira a procurar aconchego longe da megalomania humana.
Acabo de ler “Small is beautiful: a study of economics as if people mattered”, de E. F. Schumacher. Estou um tanto atrasada, pois foi publicado em 1973. Mas não importa, pois a mensagem está cada vez mais atual. Schumacher, aliás, forma uma ótima dupla com Rachel Carson, autora de “A primavera silenciosa” (de 1962, que só li recentemente – http://conectarcomunicacao.com.br/blog/14-rainha-da-primavera/ ). Esses dois livros são as obras mais importantes da história do movimento ambientalista.
Schumacher nasceu na Alemanha em 1911. Nos anos 30 fugiu de seu país porque não queria viver sob o nazismo. Mudou-se para a Inglaterra e logo começou a trabalhar com o todo-poderoso economista John Maynard Keynes no governo britânico. Na década de 50 recebeu a missão de ir à Birmânia (atual Myanmar) impulsionar o capitalismo local. Ali ele percebeu que, embora do ponto de vista ocidental aquela fosse uma naçãozinha subdesenvolvida, não havia a desigualdade e os problemas sociais com os quais se deparava na Europa. Começou a escrever então sobre o que batizou de “economia budista”. E suas principais conferências foram reunidas em forma de livro, o “Small is beautiful”.
Não pretendo nem conseguiria resumir tudo o que está nas 259 páginas que acabo de percorrer. É pura análise sociológica e macroeconômica misturada com doses cavalares de filosofia e amor pela natureza. Cheguei a esse livro por causa do meu interesse em algum dia fazer um curso no Schumacher College, na Inglaterra (http://www.schumachercollege.org.uk/ ). Pois é: em homenagem ao nosso amigo Schummy foi criado um dos melhores centros de estudos de sustentabilidade do mundo. Pelo que já xeretei, os cursos não são muito acadêmicos, focam muito o lema “think global, act local” e reúnem pessoas das mais variadas origens e formações.
Ainda estou assimilando as propostas do Schumacher sobre como descentralizar a produção, oferecer ocupação digna a todas as pessoas, priorizar o bem-estar humano e a preservação da natureza, humanizar a tecnologia, diminuir as distâncias entre ricos e pobres, valorizar os saberes tradicionais e outras ideias muito relevantes.
Mas só o título do livro já me traz conforto. Ando preferindo as pequenas empresas, os predinhos e as lojinhas, as ruas calmas, carregar por aí poucas coisas, cozinhar pequenas porções, escrever textos curtos e ter conversas em voz baixa. Talvez as pequenas e delicadas ações sejam as mais revolucionárias.
Lindo texto, Cláudia.
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