Ecologia – A palavra vem da união dos termos gregos “oikos“, que significa casa, e “logos“, que quer dizer “estudo“. Na biologia, é a área que estuda o meio ambiente e os seres vivos que vivem nele. No dia-a-dia virou sinônimo de algo vagamente a favor do meio ambiente, mesmo que seja uma pequena redução de danos.
Sustentabilidade – Conceito fácil de escrever e quase impossível de praticar. Tudo o que consumimos tem algum impacto negativo na natureza. Exceções são muito raras. Infelizmente, a sociedade perdeu o bonde da sustentabilidade. Não importa o que a gente faça agora, as consequências da crise ambiental estarão presentes por séculos. Vamos deixar para as próximas gerações um planeta em desequilíbrio climático, com muito lixo e contaminação, sem falar na perda irreparável das espécies que foram extintas. A definição de sustentabilidade surgiu nos anos 80, em debates da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, e é a seguinte: “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.
Regeneração Ambiental – É o processo de recuperar ecossistemas. Trazer mais vida para um território. É a palavra que eu prefiro usar. Quem regenera está regenerando algo em algum lugar. Pode ser uma floresta inteira, um sítio, um rio, um terreno ou até uma horta agroecológica e santuário de abelhas na varanda de um apartamento.
Greenwashing – Expressão em inglês que significa “lavagem verde” e tem a ver com os artifícios das empresas para pegar carona no apelo de venda da ecologia sem mexer de fato com seus sistemas de produção que detonam a natureza. Em geral, significa fazer ações pontuais não relacionadas com a própria área de atuação. Tudo bem grife de moda ajudar animais em extinção, empresa petrolífera patrocinar concurso de ecofotografia, banco usar papel reciclado em talão de cheques. Mas seria melhor que a primeira deixasse de empregar mão de obra semiescrava, a segunda investisse na transição para fontes de energia limpas e o terceiro se recusasse a financiar setores da economia comprovadamente predatórios. Quando se trata de marketing ecológico, muitas vezes nem existe ação nenhuma. Basta pintar de verde a embalagem, colocar bastante mato e passarinho nos anúncios ou batizar o produto com um nome pró-ambientalismo.
Olá! realmente é triste ver um assunto tão sério reduzido a ferramenta de marketing por pura falta de conhecimento…as politicas de sustentabilidade da maioria das empresas parece seguir por este caminho também. Estou fazendo uma pesquisa sobre isso e não consegui encontrar nenhuma informação oficial – que não seja de empresas da indústria de papel – com informações sobre boas práticas de utilização de papel no Brasil. Vc tem alguma informação sobre isso?
Oi Katia,
Não tenho informações sobre boas práticas na utilização de papel. O que vejo é o selo do FSC por todo lado. Muito mais do que vanguardismo verde, significa que para a indústria ficou mais viável economicamente produzir papel a partir de árvores plantadas com essa finalidade do que atacar as reservas naturais. Até porque as florestas estão sumindo… Em escritórios ainda há muito desperdício, mas isso é ninharia. Em larga escala, acredito que a mudança só virá quando a maior parte dos veículos de informação migrar para a plataforma eletrônica. Classificados e malas diretas impressas poderiam ser extintos hoje e já iriam tarde. Papel deveria ser um recurso nobre, utilizado apenas em situações muito especiais, em cartas e convites com muito significado e em obras de referência que a gente quer ter a vida toda.
Abs.,
Claudia
Matou a pau, Claudia. É mais um efeito de neutralização de valores que o sistema de consumo patrocina. Tudo vira produto, até aquilo que obviamente vai contra o próprio sistema. Doido. Sobre essa questão de empresas que se vendem ecológicas e o saõ apenas na superfície, lembro de meus amigos da YB, empresa de confecção que tem a marca Eden, loja da Vila na qual compramos um presente pra você há anos. Preocupados com o impacto de suas lavanderias de amaciamento e tingimento (química pesada, muito pesada, e que envolve água imunda e envenenamento de solo) gastaram fortunas para limpeza da água devolvida para a natureza (antes de ser obrigatório e apesar da fiscalização duvidosa) e correram atrás dos corantes naturais (que me orgulho de ter apresentado a eles), que pressupõem não apenas o resgate dos corantes usados até o século XIX (tão recente!), que não envolviam química sintética, mas um resgate de toda a cadeia de comércio justo, cultivo livre de agrotóxicos, processos não poluentes, produção em pequenas propriedades que reaproximassem o homem da terra e da produção, aproveitamento de matérias primas recicláveis em embalagens e até mesmo nas fibras utilizadas nas tecelagens, enfim… impulsionou uma cadeia completa e que vai a passos lentos e caros, mas vai muito bem. É um exemplo de que é possível uma alternativa, mas uma alternatvia que não passa pelo consumo excessivo. Mesmo assim, uma alternativa que gera emprego, renda e, acima de tudo, felicidade aos envolvidos. É possível! Mas não com o modelo que nos invade os poros a ponto de não vermos saídas… Bj.
Oi Flavio,
A Eden realmente é um ótimo exemplo. Uso o presente que vocês me deram com a maior alegria. Imagino que deva ser difícil convencer os consumidores a pagar mais por uma cadeia produtiva ética do ponto de vista social e ambiental. A gente precisa mesmo ajudar na divulgação!
Como vc disse é realmente díficil mudarmos nossos hábitos…..infelizmente eu e minha família ainda fazemos parte desta questão. Mas o mais triste é ver a manipulação que se faz com o consumidor! Nada como uma boa calça jeans nova, “ecológica” e principalmente de marca!! Vou contribuir tb costurando uns passarinhos, golfinhos e uns verdinhos nos bolsos de minhas velhas jeans, serve?
Pry, adorei sua moda eco-chic! Dou a maior força para a ideia de reformar roupas.
Mais uma vez o tema da manipulação tocada aqui me inquieta.
Ordenada num conjunto bem articulado entre estes programas de marketing que só atendem aos interesses corporativos e aos valores que tais veículos de mídia frequentemente tentam colar, normalmente uma história é contada. O que me aflige é que normalmente nunca é uma história que provoque o cidadão ou o faça refletir sobre o tema. Invariavelmente já traz em suas linhas conclusões prontas e que tentam induzí-lo diretamente até uma única e conveniente prateleira, seja ela de produtos, serviços ou de posições sociais e políticas. A gente dificilmente fica sabendo o que é filtrado pelo caminho , a não ser que tomemos a posição ativa em garimpar outras fontes de informação menos comprometidas, como o seu blog.
Pessoas como vc põem a boca no trombone! Gracias!
Pedro, como vc sabe, sou jornalista. Veículos de imprensa dependem de anunciantes. Anunciantes não ficam muito animados com mensagens anticonsumo. Por isso, resolvi fazer um blog…