Carlo Petrini e Michael Pollan: jornalistas que mudaram a história da comida

 

Que eu saiba, o ativismo culinário dos jornalistas começou com Carlo Petrini em 1986, quando a rede Mc Donald’s abriu um de seus restaurantes na Piazza di Spagna, em Roma, ponto simbólico da capital italiana. Foi a gota d’água para Petrini, que já estava muito incomodado com o sumiço do saboroso pimentão quadrado d’Asti, espécie típica do Piemonte que vinha sendo substituída por variedade híbridas sem gosto. Vieram com fast-food e ele inventou o Slow Food, movimento que hoje está em 150 países (inclusive no Brasil) e tem mais de 100 mil membros. A turma age em prol do direito ao prazer na alimentação, do respeito ao meio ambiente e aos agricultores e chegam até mesmo a salvar variedades de alimentos da extinção.

Conheci Michael Pollan em 2007, quando foi lançado “O Dilema do Onívoro”. Nosso relacionamento se aprofundou com a leitura de “Em Defesa da Comida” e de “Cozinhar”. As aventuras agropecuárias de Pollan começam na horta de casa e incluem matar frango em abatedouro artesanal, caçar javali na floresta, estagiar em fazenda orgânica, fazer queijo em mosteiro, preparar vinho, cerveja, pão… Embora nunca o tenha visto, trocamos ideias por telepatia sobre as hortaliças do quintal e as tarefas diárias de preparar refeições para a família. 

Na cena paulistana das hortas comunitárias e ativismos agroecológicos, os colegas jornalistas também são muitos. 

Hoje em dia me apresento como “jornalista e agricultora urbana” e acho que as duas atividades combinam muito bem. Percebo que as atividades de plantar e cozinhar complementam perfeitamente o esforço  intelectual da escrita. Aprendi também que cultivar legumes na praça é uma boa maneira de comunicar ideias sobre o relacionamento da nossa sociedade com a alimentação, os agricultores e o meio ambiente. Só que quando estou lá brincando de camponesa nem lembro disso, já que fico muito ocupada em ser feliz.

Boa entrevista essa do jornal português Público com o Michael Pollan: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/esta-a-comer-comida-verdadeira-1663742

3 comentários em “Carlo Petrini e Michael Pollan: jornalistas que mudaram a história da comida”

  1. E eu Cláudia, continuo aguardando autorização para usar aquela área pública, que está sendo ocupada diariamente, ofecerecer educação ambiental gratuitamente em área pública não pode, mas construir casa pode, triste e perceber que pessoas do atual governo até incentivam as ocupaçoes.

  2. Incrível tanto jornalista envolvido com as enxadas e eu também faço parte deste time. Cada encontro na Praça da Nascente tem sido uma alegria e hoje tenho muito orgulho das flores de laranjeira que começam a desabrochar no meu quintal, perto do pé de mandioca, dos tufinhos brancos no tronco da jabuticabeira e da primeira florada do mamoeiro.
    Nossos textos serão cada vez mais enriquecedores por estarem sendo feito por dedos com unhas cheias de terra!!
    Abraços a todos!

  3. Sou jornalista e também grande admirador do Michael Pollan. O “Cooked” já saiu traduzido por aqui e o nome escolhido foi “Cozinhar”. Comecei a ler há uma semana e já quero devorá-lo! Legal saber que ele vem ao Brasil, mas pelo visto, a agenda dele não prevê uma visita à capital fluminense…

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